NÓS

Chapter 38: Capítulo 37



Chapter 38: Capítulo 37

— O que você está fazendo aqui? — me aproximei em passos curtos e ainda em choque.

— Recebi uma ligação do seu irmão — engoli a seco — E...

— Pai, eu posso explicar — o interrompi com lágrimas nos olhos.

Não acreditava que Gabriel tinha feito isso comigo, não acreditava que essa foi a forma que ele tinha

achado de me punir.

— Não quero explicação Manuela, arruma suas coisas, você vai comigo para BH.

— Que? — arregalei os olhos — eu não p...

— Calada — alterou o tom de voz me fazendo levar um susto — Eu trabalho pra dar o melhor pra

vocês e olha como você me agradece, Manuela.

— Mas..

— Grávida de um cara bem mais velho que você e ainda por cima traiu a confiança minha e do seu

irmão.

Nós ficamos cara a cara, eu contive meu choro, não queria desabar, não com ele na minha frente.

— E você — virou para Diego — Nunca mais ousa a pisar na minha casa — apontou o dedo em sua

cara.

Diego não disse nada, apenas virou o rosto e abaixou a cabeça. Meu pai me pegou pelo braço

fortemente me puxou até o quarto de hóspedes, onde estavam minhas coisas.

— Você tá me machucando — gemi de dor enquanto tentava me largar de sua mão.

Depois de muito custo ele me soltou fazendo eu cair no chão e nesse momento minha raiva subiu e

tomou conta de mim.

— Eu não vou — me levantei — Você não manda em mim.

— Manuela arruma suas coisas agora — ordenou.

— Eu não vou, pai — disse alto — Pode tirar tudo meu, minha mesada, meus cartões de crédito, tudo

o que o senhor quiser. Mas eu não vou.

— Manuela, agora!

— Eu não vou — disse pausadamente — Você fica fora seis meses, as vezes até um ano e agora

volta como se fosse o maior pai presente de todos? — cuspi as palavras — Não vou pra BH com você,

não vou viver sua vidinha medíocre diante do povo da sua empresa, não vou abandonar minha vida

aqui pra viver um inferno ao seu lado.

A raiva tinha tomado conta de mim, falei o que eu quis e o que eu não quis e percebi sua expressão

mudar a cada palavra que saia da minha boca.

— Espero que você saiba arcar com as consequências — falou sério.

— Eu arco — disse firme.

Ele não disse nada, apenas ficou me encarando por uns segundos e se virou em direção a porta pra ir

embora.

— Você é a vergonha da família — disse antes de ir embora — Uma ingrata.

Assim que eu escutei a porta ser fechada sentei na beirada da cama e desabei, eu não entendia o

porque tudo isso estava acontecendo comigo eu só queria que tudo isso acabasse. Pedi para que

Diego me deixasse sozinha, o mesmo estava parado na porta me olhando com um olhar triste e ele

assentiu fechando a mesma.

Eu queria dormir e nunca mais acordar, eu pedia a Deus que minha vida acabasse ali, eu não queria

mais sentir o que eu havia sentindo a dias. Essa angústia, esse vazio, essa tristeza estava me

consumindo e eu só queria a melhor versão de mim de volta.

Eu tinha falhado, estava grávida de dois meses e não considerava como meu filho. Engravidei de um

garoto que eu odiava e não tinha nenhum envolvimento sentimental.

Não tinha sido isso que eu planejei pra minha vida e eu não podia voltar mais atrás.

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Acordei com minha cabeça explodindo, tinha dormido chorando e eu sempre ficava assim quando isso

acontecia. Olhei as horas pela tela do celular e marcava exatamente seis da tarde. Me levantei e fui no

banheiro jogar uma água no rosto que estava mais que inchado.

Tomei um banho demorado e sai vestindo um short de malha e uma blusa grande cinza. Prendi meu

cabelo num rabo de cavalo e sai do quarto rumo a cozinha, não tinha comido nada o dia todo e estava

morta de fome. Diego não estava na sala e agradeci mentalmente por isso. Fiz dois pães e os comi

bebendo um suco de manga que estava na geladeira.

Enquanto comia fiquei pensando no que eu iria fazer da minha vida, não podia mais voltar para casa e

também não podia ficar muito tempo aqui no Diego.

Eu teria que arrumar outro lugar para ir sem incomodar ninguém.

Terminei de comer, lavei o que tinha sujado e me mandei para o quarto novamente. Tentei não pensar

no acontecido de mais cedo pra não ficar pior do que eu já estava, isso fazia mal para o bebê e

consequentemente fazia para mim também.

Durante o resto da noite não sai mais do quarto, fiquei deitada vendo série pelo celular mesmo e

ignorando todo tipo de mensagens, inclusive a do meu pai, que eu tinha visto pela barra de notificação

e não era nada a menos que seus insultos e humilhações.

Se Gabriel queria foder minha vida, ele tinha conseguido e o mais triste disso era que eu não esperava

isso dele.

Acho que pra mim isso é a coisa mais triste e eu não conseguia acreditar nisso de forma alguma.

Pra dispersar um pouco os pensamentos decidir estudar um pouco, não estava com cabeça pra isso

mas era a única coisa que eu tinha pra fazer no momento.

Lá para as nove eu parei e guardei tudo na mochila. Tomei um outro banho para relaxar e me deitei

novamente. Eu estava sem ânimo algum, parece que alguém tinha sugado todas as minhas energias

e o fato de não ter ninguém pra desabafar me fazia ficar pior.

Eu não queria envolver as meninas nisso, eu não podia colocar elas nessa confusão também.

Fiquei mexendo nas redes sociais até cair no sono novamente.

Eu só queria minha vida de meses atrás de volta.


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