Capítulo 23
Capítulo 23
Capítulo 23
No silêncio do quarto de hospital, Ines abriu os olhos e foi recebida por uma luz opaca que lentamente clareou até que sua visão se normalizou.
Ela olhou ao redor até que alguém abriu a porta e entrou, fazendo–a se sobressaltar e voltar a
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Noe Serpa estava na porta, com um olhar sombrio e indecifrável que, ao ver o rosto de inés, fol invadido por uma miriade de emoções que se extinguiram na escuridão de suas pupilas.
Inês o observava anestesiada, sem dizer uma palavra.
Ela tinha imaginado varios cenários de reencontro com um amor antigo, O mundo era pequeno demais e era inevitável que duas pessoas que se amaram profundamente acabassem se encontrando algum dia. Mas nunca passou pela cabeça de Inés que Noe Serpa a trataria daquela maneira.
Com uma brutalidade e uma determinação fria, ele a lançou mais uma vez no abismo do desespero.
Noe Serpa notou o silêncio de Inés e percebeu que ela não queria falar com ele. Então, parado. à porta, pigarreou e disse, “Você acordou.”
Inês o encarou friamente e permaneceu calada.
Noe Serpa se aproximou e ergueu o queixo dela, encontrando um olhar cheio de ódio que, inexplicavelmente, the causou uma pontada de dor.
“Você está me desafiando?” Ele sorriu, um sorriso sinistro que gelava a espinha, “Inés, eu deveria ter te estrangulado há cinco anos. Deixei você viver até agora… você deveria se sentir agradecida.”
Ao ouvir suas palavras, Inés riu como se tivesse ouvido uma piada, e disse com sarcasmo, “Sim, eu deveria agradecer por sua misericordia por ter poupado minha vida miserável!”
“Você se sente injustiçada?”
Noe Serpa também riu friamente, com um sarcasmo ainda mais cortante.”
“Injustiçada com o qué?” Inês estreitou os olhos, seu rosto ainda mostrava sinais de fraqueza, mas seus olhos brilhavam com uma nitidez venenosa e surpreendente.
Sob aquele olhar, Noe Serpa sentiu uma estranha sensação de asfixia.
Inés sorriu com uma beleza devastadora, e por um momento, tudo ao redor pareceu perder a cor. “Noe Serpa, eu deveria te agradecer, não é mesmo? Você arruinou a minha vida há cinco anos e agora quer a minha morte! Em uma vida passada, eu devo ter cometido um grande erro para ser tão completamente destruida por você nesta vida!”
Ao ouvir as palavras de Inês, Noe Serpa apertou mais forte o queixo dela, “Você ainda tenta se
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Capitulo 23
justificar? A morte de Acelina…”
“E se a morte de Acelina não tiver nada a ver comigo?”
Inês riu loucamente, como se nada mais no mundo tivesse importância para ela, como se estivesse num beco sem saída, ela gritou, “Noe Serpa, eu só tenho uma pergunta para você. Se a morte de Acelina não tiver nada a ver comigo, você vai pagar o que me deve nesta vida?”
Noe Serpa se recompos, soltou o queixo dela e deu dois passos para trás, incrédulo, “O que você disse?”
Inês baixou a voz de repente, como se toda sua energia tivesse sido drenada pelo confronto anterior. Ela disse: “Noe Serpa, não te odeio mais. Porque eu acho que você é patético. Não importa se te odeio ou não.” Quando ela levantou a cabeça, os olhos que outrora o olhavam com tanto amor estavam vazios e entorpecidos, completamente devorados pelo ódio de cincol anos atrás.
Noe Serpa deu uma risada irônica de raiva, sua beleza ficando ainda mais evidente em sua fúria. Ele tinha o tipo de charme que enlouquecia as mulheres da cidade. Cinco anos atrás, Inés também havia sido atraida por ele, jogando–se em suas chamas sem pensar nas consequências, acabando por se destruir e não obtendo nada em troca, nem mesmo sua compaixão, que ele dava com avareza.
Inês balançou a cabeça, como se zombasse de si mesma, e disse, “Eu não me arrependo, eu também não te odeio, foram apenas cinco anos de prisão. Agora que estou livre, continuo vivendo bem, sem você, eu ainda estou viva.”
“Pode investigar à vontade, pode revirar o passado, Noe Serpa, eu estou te dizendo.”
No momento em que ela levantou a cabeça, seus olhos eram penetrantes e intensos. Noe Serpa, como se estivesse num devaneio, parecia reencontrar a Srta. Guedes, que outrora fora deslumbrante e orgulhosa, que, mesmo diante da queda de seu clã, mantinha uma dignidade e arrogância inabaláveis.
Inês moveu os lábios, falando diretamente para Noe Serpa.
“Eu vou te dizer, há cinco anos eu derrubei as cinzas de Acelina na frente de todo mundo e não me arrependo nem um pouco. Por causa dela, minha família foi destruida; por causa dela, carreguei um crime que não cometi. Por causa dela, uma morta, sofri torturas e humilhações na prisão, vivendo pior
que a morte por longos cinco anos! Ainda bem que ela se foi. Esmagar a urna dela não foi demais! E te digo mais, se ela estivesse viva, eu mesma faria questão de reduzi–la a pó!”
“Como você ousa!” Noe Serpa explodiu de raiva, desferindo um tapa no rosto de Inês, sua voz tremia, “Inês! Como você ousa!! Ainda tem coragem de dizer essas coisas!!”
A dor aguda não conseguiu extrair lágrimas dela, mas, pelo contrário, fez seu sorriso florescer ainda mais, como uma deslumbrante flor de papoula. Sua risada era bela de um jeito que
assustava.
“Sim! Eu tenho coragem! Uma pessoa morta me fez carregar uma vida tão injusta, Noe Serpa,
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se você ao menos tentasse se colocar no meu lugar, não teria me transformado no que sou hoje! Eu te digo que não me arrependo do que fiz com ela, só temo que, quando você descobrir a verdade, perceba que a morte de Acelina não tem nada a ver comigo, e você vai odiar a si mesmo!”